Arte Natural

Arte Natural

Como iniciei na Pintura

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Maçã (2ª Parte)


Lembro que quando comecei a frequentar a casa da minha tia, havia vários trabalhos artísticos. Era possível encontrar estatuetas de gesso, assim como vasos e jarros do mesmo material, e também feitos de cerâmicas, os quais ela comprava para pintar utilizando diversas técnicas que variavam do CRAQUELE...

vaso de ceramica pintado em craquele
Vasos de cerêmica Craquelê (encontrado na Internet)

... até a pintura normal em gesso, com acabamento envernizado.

Mas ela não pintava apenas em cerâmicas e gessos, também em potes de vidros, garrafas, copos... utilizando, nestes casos, a tinta vitral que gerava um belo acabamento.
Explorando as coisas dela acabei encontrando uma dessas relíquias a qual tem muito mais de 20 anos mas ainda conserva a pintura!

pintura em vidro
Pote de algodão pintado por minha tia, Joanita.
Como podem ver nesse pote para acondicionar algodão até hoje ainda conserva as cores e pouco se deteriorou da pintura.

Por muitos anos minha tia também pintou tecido, variava bastante que era de pano de copa, até mesmo toalhas felpudas, passando por tecidos que ela depois transformava em sacolas bem resistentes. E podia acabar o tecido mas as cores e a tinta da pintura ainda permaneciam graças as técnicas que ela utilizava para tornar a pintura duradoura.
Ela também possuía uma boa quantidade de tinta a óleo em bisnaga, naquele tempo eu não sabia bem o que era, assim como era fácil encontrar em seus pertences terebintina e outros compostos que são utilizados na pintura à óleo.
A pintura em tecido era onde ela mais se destacava, começou pintando pano de copa, passando por guardanapos, pano de centro de mesa, de estante, capa de botijão de gás, pano felpudos para banheiro, toalhas, e finalmente sacolas de tecidos.
Procurando encontrei mais algumas provas desses belos trabalhos que ela passou a me ensinar mais tarde:

Pintura em Tecido:

Stencil
cajus pintado em tecido (minha tia)
 

Stencil pintura em tecido
pano felpudos com flores (minha tia)

E também os bonecos de biscuit® e fico devendo os de bolinhas de gude com durepox®


Biscuit

pintura em gesso
Pintura em Gesso com tinta acrílica.

Nesse tempo eu ainda sofria de Asma, com isso era difícil que minha mãe permitisse que eu chegasse perto dessas tintas, que em sua maioria eram compostas de substâncias com cheiro mais forte e tendo como solvente o Thinner®, Terebintina, Secantes de Cobalto... Ainda assim eu podia usar as que eram para uso em tecido pela composição mais inodora.

De tanto insistir em querer pintar lá pelos meus 12 ou 14 anos minha tia finalmente permitiu e me deu um trapo para que eu experimentasse pintar. Não tive asma, não tive rinite, apenas o gosto bom de estar aprendendo algo, de estar enfim entrando no mundo da pintura. Sabe quando agente lê um livro bom, ou assiste um filme que prende a gente e nos vemos ali naquele mundo fictício? Era essa a sensação.
A primeira pintura não foi grandes coisas não... se bem me recordo foi uma maçã, em um pano de copa meio felpudo, e utilizando a técnica que para mim até hoje considero a mais fácil, que é a de Stêncil. (naquele tempo chamávamos de molde vazado)
molde Vazado  Stencil
Ilustração de molde Vazado - Stêncil


Saiu uma pintura sem vida, como dizia minha tia, uma pintura "chapada", por não ter vida sabe? totalmente em uma única cor, sem efeitos, sem sombra e nem iluminação. Ela então me deu dicas de sombreamento, como por exemplo, uma maçã pintada toda em vermelho, então dá um sombreamento com um pouco do marrom misturado ao vermelho fazendo a imagem ganhar um pouco mais de vida...
Com o tempo fui percebendo mais essas informações e sua prática e então já estava mais atento ao sombreamento e iluminação das pinturas.

Assim foi minha iniciação nas artes plásticas, o que vem em seguida? Muitas novidades, inclusive como cheguei até a pintura em tela.


Link pra 3ª parte: http://paulowolfartesanatos.blogspot.com.br/2015/09/o-tempo-passou-e-eu-ja-dominava-melhor.html

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Pedra, papel e tesoura. (3ª Parte)

O tempo passou e eu já dominava melhor a arte da pintura com molde vazado, e com isso eu comecei a pegar toda e qualquer imagem que eu gostava e transformar em molde para pintar. Assim passei a fazer pintura em enxovais e outras coisas que não fosse apenas pano de copa, já aperfeiçoando mais a pintura à mão livre, que era algo que eu não gostava tanto pelo nível de dificuldade e o resultado final, mas com a ajuda do tecido fino de Organdi, foi mais fácil a transição de técnicas.
Stencil enxoval

Stencil enxoval

Stencil enxoval






Com isso também chegou a época das pinturas porcelanizadas.

Minha tia comprou uma revista que gostou e então fez o curso de pintura porcelanizada, mas não concluiu, era uma técnica difícil pra ela e pra mim. Olhando as pinturas feitas na revista fui tentando, tentando e tentando... do meu modo fui levando ao tecido essa nova técnica, minha tia gostou, e todas as pessoas que viam gostavam, mas sou do tipo de pessoa que está sempre em busca do aperfeiçoamento e do aprendizado, dificilmente fico satisfeito com o que já consigo fazer, bom, abaixo temos o resultado da pintura porcelanizada nas primeiras amostras.

pintura stencil porcelanizada
Um misto de Stêncil e Porcelanizada.
pintura porcelanizada em tecido
Uma das primeiras, com erro de sombreamento de fundo.
Rosas um dos simbolos sempre presente na porcelanizada
Rosas, um dos símbolos sempre presente na porcelanizada.

pintura porcelanizada em organdi
Sombreamento, luminosidade das pétalas, folhas com efeitos...

Com isso me distanciei do Estêncil, ficando apenas com a pintura porcelanizada, e era a qual me rendia mais encomendas e um pouco de dinheiro. Nessa época apenas minha tia fazia, ainda e esporadicamente, pintura com molde vazado.

Folheando uma revista de pintura porcelanizada, já no final tinha uma propaganda com telas de paisagens, foi nesse momento que encontrei a técnica que eu sempre quis. O que fiz foi combinar as técnicas que eu havia aprendido até o momento, e por tudo em prática. Apesar de ser uma propaganda pequena, ainda assim eu desenhei em um pedaço de organdi, e com tinta para tecido mesmo eu transportei para fora da revista uma nova pintura. Ainda tenho a primeira tentativa:

pintura em organdi

pintura em organdi
Segunda

pintura em tela
Terceira



Mas acabei ficando mesmo na pintura porcelanizada, por bastante tempo.

Naquele época eu achava que pintura em tela só poderia ser feito com tinta à óleo, que naquele tempo era bem mais cara, além do cheiro forte que não me faria bem.

Passei um tempo sem pintar e então resolvi arriscar outros artesanatos, comecei cartões em papel vegetal e a isso mesclei a pintura também, dessa vez não com as mesmas tintas de tecido e sim apenas lápis de cores.


cartao formatura pascoa natal papel vegetal
Cartões em papel vegetal

Como era bem mais trabalhoso que a pintura acabei, então, com o passar do tempo, abandonando... foram anos sem pinturas ou quaisquer artesanatos.

Como Hobbie fui até o mundo do papercraft, achei tão legal quanto montar quebra cabeças.

Parpecraft - Dálmata

Dois anos e pouco atrás então, resolvi arriscar na pintura em tela com tinta acrílica, que é o tipo de técnica que pretendo utilizar e mostrar aqui no Blog.
Próxima postagem pretendo trazer então o "final" da história e algumas telas que pintei. Não sou um expert mas espero não fazer feio à vocês. ;)

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Transformação (4ª parte)

Bem, parece que estamos chegando ao "fim" da história de como iniciei nas artes plásticas, melhor dizendo, chegamos no início de onde todo o conhecimento que minha tia passou me trouxe nos dias de hoje: A pintura em tela.

Apesar de ter trabalhado ainda com minha tia utilizando o gesso, após um longo tempo sem mexer com nada de artesanato, foi em 2013, mais precisamente no mês de Agosto que voltei a pintar.
Mesmo afastado da prática de artesanato, eu estava sempre pesquisando, olhando imagens, pinturas e a vontade de fazer pintura em tela sempre voltava com a sugestão de uma melhora aos pensamentos que andaram complicados nesse período pós pintura porcelanizada e cartões de papel vegetal.
A pintura é algo que conduz a um estado interior melhor quando pintamos o que gostamos, sem pressão, sem nenhum tipo de cobrança, é algo muito relaxante. É como ouvir uma boa música, como ver o mar e sentir a brisa sem pensar nos problemas... é assim, entendeu?
Para isso acontecer também depende de nosso estado, se a gente já estiver com a cabeça transbordando de problemas fica difícil se concentrar e adentrar nesse mundo. O que faço às vezes, não, às vezes não, sempre? Coloco uma boa trilha sonora, anos 80, 90 (sem deixar de lado as boas músicas da atualidade), e isso ajuda, acredite. Outros artistas preferem o silêncio completo. Ficar isolado também me faz bem quando estou pintando. Tudo isso vai se refletir nas telas. Dessa forma passamos realmente o que está dentro de nós.
Pois bem, voltando à agosto de 2013, eu estava vivendo um ano mais agradável após muitas turbulências, e foi quando minha tia chegou com uma bela surpresa que foram as tintas acrílicas... quer dizer, não foi beeem uma surpresa já que ela, por algumas vezes nesse mesmo mês, ter falado em comprar as tintas, pediu lista de cores que, acreditem, são tonalidades que você pode nem saber que existem.

Antes mesmo de chegarem as tintas me veio o pensamento de como eu iria pintar. Digo, no tempo da pintura em tecido era mais tranquilo: tecido esticado no isopor com auxilio de alfinetes, colocava no colo e pintava até quase ficar corcunda (não acho que fiquei corcunda com isso), e quando cansava utilizava a mesa dobrável de minha tia.

Mas eu notava que aqueles artistas que eu via em filmes, novelas, imagens diversas, utilizavam um cavalete de pintura... O que fiz? Bem, eu fui procurar em lojas de produtos de pintura o cavalete, e o valor do mais simples não era o que eu esperava. Para quem estava começando o preço era desanimador, mas o que eu tinha à minha disposição...?

Aqui em minha sala tinha uma estante velha sendo comida por brocas, aqueles cupins que deixam bolinhas de madeira no chão, sabe? Era uma estante velha que ia ser jogada no lixo, estante do meu falecido pai.

O que fiz foi apelar para o intelecto, para as experiências ainda vívidas na minha mente do tempo que trabalhei com meu pai e a força de vontade em criar algo a partir dessas tábuas e, se não conseguisse, não traria nenhum prejuízo afinal era uma estante velha que seria jogada fora mesmo.

Pois bem, não lembro bem se foram 3 ou 7 dias, mas o que fiz foi desmontar essa estante, jogar as tábuas que estavam piores fora (estavam totalmente ocas), pegar parafusos que tinha a disposição, encharcar a madeira que eu utilizaria com inseticida... Depois manusear a furadeira, cola de madeira, serrote e estava eu montando o meu cavalete de pintura. De pouco em pouco, a cada dia, eu estava montando e até que era legal fazer isso, legal ver a gente criando algo, que temos essa capacidade quando queremos e, o que é melhor, estava ficando bom... Medição estava ok, mas nível nunca foi meu forte, ficou quase 100% nivelado, e na pintura isso pode vir a ser importante.

Com ajuda de uma imagem que achei na internet de um cavalete de pintura, eu estava montando o meu, e deduzindo como ficaria cada peça.

Terminada a montagem, mostrei a minha mãe, e quando minha tia viu se animou tanto que a fez logo querer comprar as tintas. Elas não acreditaram a primeira vista que eu montei o cavalete, mas não tinha como negar, elas viram meu esforço.

Montado, envernizado, estava feito meu cavalete de pintura.

Meu Cavalete de pintura
cavalete de pintura


Foram então que chegaram as tintas acrílicas e algumas telas médias (40x30cm) e pequenas (20x30). Achei que era melhor eu começar com as pequenas pois se saísse feio ou errado não teria muita perda de material.

Cavalete de pintura - tintas e acessório

Era tudo novo, nova maneira de pintar, novos efeitos de pintura, só uma coisa permanecia: luz e sombras. Se bem aplicadas transformavam em uma tela branca as simples manchas de tinta em belas imagens.

O resultado veio na tentativa da primeira tela que pintei, pequena, 20x30, uma paisagem... mas isso veremos na próxima postagem: a primeira tela com uma breve descrição da criação de cada uma delas.


Link para a primeira tela pós 4ª parte: http://paulowolfartesanatos.blogspot.com.br/2015/10/primeira-tela.html